Xiko Acis

11 de dez de 20232 min

Medo da Ética

Na complexidade do cenário corporativo, muitas empresas enfrentam um temor palpável em relação à ética, motivado por dois fatores preponderantes. Em primeiro lugar, reside o profundo desconhecimento acerca do que verdadeiramente constitui a ética. Este desconhecimento, por sua vez, alimenta o segundo motivo, o receio de que a incorporação de uma cultura ética possa prejudicar os interesses comerciais.

As regras não substituem a postura ética

A falta de compreensão aprofundada sobre os fundamentos éticos muitas vezes leva as empresas a adotarem uma postura meramente moral, centrada na conformidade com as normas preexistentes. Nesse contexto, observa-se uma tendência preocupante em que as organizações, ao cumprirem estritamente as regras estabelecidas, reivindicam, de maneira equivocada, possuírem uma postura ética.

Este fenômeno evidencia a distância entre a adesão superficial às normativas e a verdadeira internalização de uma cultura ética e moral. A ética, entendida em sua essência filosófica, vai além do mero cumprimento de regulamentos, envolvendo uma reflexão mais profunda sobre os valores intrínsecos que permeiam as decisões e ações organizacionais.

É imperativo destacar que a incorporação efetiva da ética não é antagônica ao sucesso nos negócios; ao contrário, ela pode constituir um alicerce sólido para a prosperidade a longo prazo. Compreender a ética como um guia que vai além da conformidade legal é essencial para a construção de uma cultura organizacional robusta e sustentável.

Neste contexto, a educação e a conscientização emergem como ferramentas fundamentais para superar o receio infundado que algumas empresas nutrem em relação à ética. Investir no entendimento profundo dos princípios éticos, bem como em programas que promovam uma cultura ética, pode catalisar a transformação de organizações moralmente orientadas para aquelas que abraçam verdadeiramente os valores éticos em sua essência.

A cultura ética é o caminho

Investir apenas nas ferramentas: compliance, governança, código de conduta etc., levando em consideração que, as ferramentas implantadas atendem a todos e, quando entrar novos colaboradores e aderência é mais fácil, é um engano imenso e arriscado. A aderência a uma cultura ética e moral estabelecida é natural e tem a capacidade de neutralizar comportamentos indesejados especificados nas ferramentas.

Como gênese de todos os processos e ferramentas, a cultura ética e moral tem a capacidade de mudar a postura dos indivíduos em busca do bem comum.

Em suma, a superação do medo empresarial em relação à ética demanda um mergulho profundo no entendimento filosófico dos preceitos éticos e na compreensão de que uma cultura ética genuína não é um obstáculo aos negócios, mas sim um catalisador para uma atuação empresarial mais consciente, responsável e, por conseguinte, bem-sucedida.

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