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Foto do escritorXiko Acis

A Ética e a Fome


A ONU – Organização das Nações Unidas divulgou, no dia 06/07/2023, o relatório do Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2022, com um número absurdamente indecente de 828.000.000 de pessoas passando fome no mundo (base:2021). Cerca de 9,8% da população mundial. No Brasil são 21.000.000 de pessoas que fazem parte dessa indecência. São 70.000.000 de pessoas com insegurança alimentar, ou seja, se almoça não sabe se vai jantar. Esse número representa 35% da população no Brasil. Se você não se sensibiliza com estes números, tenho certeza que sua alma já deixou seu corpo faz tempo. A vida para você não faz mais sentido e o que importa é seu umbigo.


Em 2021, antes da guerra Rússia e Ucrânia, o setor bélico mundial, gastou a bagatela de 2.000.000.000.000 de dólares (fonte: Deutsche Welle). Se esse dinheiro todo fosse destinado a acabar com a fome no mundo, daria cerca de US$ 2.416,00 por ano para cada faminto. Cerca de US$ 202,00 por mês por pessoa. Já imaginou?

Conversando com pessoas (intelectuais ou não), é comum ouvir: “Fome sempre vai existir...”; “O mundo é assim mesmo. Uns ganham e outros perdem...”; “Não tem como acabar a fome no mundo. É utopia pensar nisso...”; “Mesmo que queiram acabar com a fome, não teria alimentos para todos...”.


Confesso que quando escuto isso tenho vontade de deixar de ser réu primário.

Saramago disse uma vez: “A única evolução possível para o ser humano é a evolução ética. O resto é acumular bens”.


Onde nos perdemos? O que estamos esperando para resolver essa mazela humana?

Vários são os pesquisadores e pensadores que escreveram que, na verdade não nos perdemos. Somos naturalmente assim: antiéticos. Thomas Hobbes, em sua obra Leviatã escreveu: “Homo homini Lupus”, ou seja, “o homem é lobo do homem”, querendo demostrar que o ser humano nasce com ímpeto predador e a sociedade e suas regras existem para segurar este ímpeto.


John Gray, em seu livro Cachorros de Palha, defende que a humanidade é uma espécie antiética e gananciosa por destruir outras formas de vida e, assim como os animais, não possui controle sobre o seu destino. Para ele, o progresso humano é um mito, e a esperança de que a tecnologia possa livrar a sociedade das contingências do mundo natural é apenas uma versão secular da promessa da salvação pelo cristianismo.


Como é que alguém pode se considerar ético e não fazer nada para mudar essa situação? Será que Hobbes, Gray e muitos outros pensadores estão certos? Somos antiéticos e não vamos resolver isso?

Como já vimos na guerra da Rússia conta Ucrânia, o mundo não tem Plano B. Mais de um ano se passou e o resto do mundo não conseguiu “exigir” o término da guerra, em pleno século XXI. Muito pelo contrário, fomentam ainda mais no fornecimento de armas. Não é interessante para os líderes mundiais que a guerra termine.


Sou cético em relação a acreditar que os governantes querem, efetivamente, acabar com a fome. O jogo político é maior do que imaginamos. Penso que cada cidadão e cidadã, individualmente e de acordo com sua capacidade, pode ajudar a resolver e/ou mitigar esse flagelo.

Existem muitas inciativas de ONG’s e outras instituições que são louváveis e têm ajudado a solucionar problemas nas áreas de educação, cultura, artes, esportes e assim por diante. Mas fome é fome. Como dizia o Betinho: “Quem tem fome, tem pressa”.


Tenho ajudado como eu posso. Sou doador do MSF – Médico sem Fronteira, assinando mensalmente a contribuição para o fornecimento de sachês de alimento para tratar a desnutrição aguda e severa. Os famosos RUTF (Ready-to-Use Therapeutic Food) . Lembrando que desnutrição não é sinônimo de fome.

Além disso, como sou palestrante sobre os temas de Ética e Moral, os honorários dessas palestras (a maioria) são encaminhados como doação para combater a fome. Sei que é pouco, mas é o que tenho feito e gostaria de fazer muito mais, já que eu e minha família temos três refeições por dia.


A ética, trata do bem comum com viés universal. Várias pessoas que conheço nas redes sociais, colocam nos seus cargos como: eticistas, especialistas em ética, consultor em ética e assim vai. No LinkedIn por exemplo, se você procurar em "Pessoas" a palavra "Ethics ou Ética", que geralmente aparece no cargo dessas pessoas, você encontrará cerca de 917.000 pessoas. Imagine se essas pessoas, fossem éticas mesmo, e assinassem a contribuição mensal do MSF de R$ 41,00, para distribuição de 23 sachês de RUTF? Teríamos R$ 37.000.000,00 de contribuição e 21.000.000 de sachês distribuídos. Veja quantas pessoas tiraríamos da desnutrição severa.


O que você, que é uma pessoa ética, está fazendo para acabar com a fome?

Há várias iniciativas séria no Brasil e no mundo de combate à fome. Procure a que mais tem relação com seus princípios e ajude a minimizar esse flagelo que, infelizmente, está cada vez mais sendo banalizado.


IMPORTANTE: Se você se sensibilizou, doe para o MSF – Médico sem Fronteiras (https://doe.msf.org.br/home#Doacoes). Se quiser patrocinar uma palestra minha na sua empresa e doar os honorários, entre em contato: https://xikoacis.com.br Se quiser procurar outras iniciativas de combate a fome, faça. O importe e ser recorrente e fiscalizar sua doação.

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