Em tempos em que princípios são frequentemente adaptados às circunstâncias, a ideia de "flexibilidade moral" tem ganhado espaço, sendo interpretada por alguns como uma abordagem moderna e pragmática para lidar com dilemas éticos. No entanto, é fundamental compreender que tal flexibilidade não é sinônimo de moralidade, mas sim um desvio perigoso que compromete a integridade das ações e decisões humanas.
➡ Moralidade Flexível: Um Conceito Impróprio
A moral, por definição, é um conjunto de normas e regras que orientam a conduta de indivíduos dentro de uma sociedade específica, refletindo o que é considerado certo e errado nesse contexto. Essas regras são concebidas para proporcionar coesão social e orientar comportamentos, sendo menos universais do que os princípios éticos, que transcendem contextos culturais e temporais. A noção de "flexibilidade moral" sugere que essas normas podem ser moldadas ou ajustadas conforme a conveniência ou pressão das circunstâncias, o que, na prática, dilui o propósito da moralidade.
Essa maleabilidade, ao invés de demonstrar adaptabilidade, revela uma fragilidade moral. Quando se renuncia a princípios em nome da conveniência, o resultado é a corrupção do comportamento moral, levando a decisões que podem ser oportunistas e incoerentes com os valores que se espera preservar. Não há meio-termo: a moralidade, assim como a ética, exige um compromisso pleno com os princípios que a sustentam. Não existe alguém 99% moral, assim como não existe alguém 99% ético; ou se está alinhado aos princípios, ou não se está.
➡ A Ética e a Integridade das Ações
A ética, por sua vez, opera em uma esfera ainda mais elevada, buscando o bem comum através de uma reflexão sobre o bem e o mal, independente de contextos específicos. Ela estabelece diretrizes universais e permanentes, exigindo uma postura íntegra e constante. Ser ético é, portanto, mais do que seguir normas locais; é um compromisso inabalável com princípios que transcendem o tempo e as circunstâncias. A ética não admite concessões, pois sua essência está na busca do bem coletivo e na justiça.
Ao afirmar que "flexibilidade moral" ainda é moral, comete-se um equívoco que compromete a própria essência da moralidade e da ética. Essa flexibilidade frequentemente se traduz em uma aceitação de desvios que, embora possam parecer inofensivos ou pragmáticos, minam a confiança e a coerência das ações. Para aqueles que valorizam a integridade, é imperativo reconhecer que a verdadeira moralidade e ética não se dobram às pressões externas, mas permanecem firmes mesmo diante das adversidades. A flexibilidade moral ou ética é, antes de tudo, uma atitude imoral e antiética.
➡ Conclusão
É necessário reforçar que tanto a ética quanto a moral exigem consistência e compromisso total. Qualquer flexibilidade que comprometa esses valores essenciais deve ser vista como um afastamento dos princípios éticos e morais, e não como uma adaptação aceitável. A busca por uma vida ética e moralmente íntegra não admite espaços para ambiguidade; é um caminho de dedicação completa aos valores que buscamos promover em nossas vidas e na sociedade.
Obs: Este texto tem relação com a pesquisa feita pela Aliant. https://conteudos.aliant.com.br/pesquisa-perfil-etico-brasileiro
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