O escritório do Dr. Rosenberg cresceu muito nos últimos anos. Hoje já são mais de 50 advogados trabalhando em várias áreas: civil, criminal, trabalhista, tributária etc.
Um novo cliente, de grande porte, acabou de contratar o escritório para assessorá-lo em questões tributárias. Dr. Rosenberg precisa encontrar pelo menos mais um advogado na área, pois o volume de trabalho será grande.
Como de praxe, Dr. Rosenberg contratou uma consultoria especializada no recrutamento e seleção de pessoas para o seu escritório.
Após receber uma quantidade enorme de currículos, o processo de seleção rigoroso encontrou dois candidatos dentro do perfil da vaga e separou os dois currículos para que o Dr. Rosenberg fizesse a entrevista final e decidisse qual candidato contrataria.
Os dois candidatos tinham a mesma formação, o mesmo nível de experiência, o mesmo tempo de formado, mesma idade, mesmo estado civil e, atingiram as mesmas pontuações em todos os testes aplicados pela consultoria. Só existia duas características que, do ponto de vista da consultoria, não iriam fazer a menor diferença. O candidato Pedro era branco e judeu e o candidato Marcos era preto e ateu.
No dia da entrevista os dois candidatos apareceram bem-vestidos, porte elegante, fala tranquila e estavam na recepção do escritório aguardando para o Dr. Rosenberg chamá-los.
E assim foi feito. Primeiro entrou Pedro que ficou uma hora em entrevista. Logo a seguir entrou o Marcos e ficou também 1 hora em entrevista.
Pedro e Marcos ficaram esperando na recepção a decisão, conforme pedido pelo Dr. Rosenberg que estava reunido com o consultor que encaminhou os dois candidatos. Após a reunião, o consultor recomendou omitir o motivo da contratação de um e não a do outro. Seria mais diplomático. O Dr. Rosenberg disse que não mentiria jamais e que, se fosse perguntado o motivo, ele falaria sem problemas.
Quinze minutos após, Dr. Rosenberg pediu para Pedro em Marcos entrarem e falou sobre a sua decisão de contratar o Pedro. Neste momento Marcos perguntou se o Dr. Rosenberg poderia falar qual o motivo da sua escolha, pois ele queria melhorar em outras entrevistas em outras empresas.
Dr. Rosenberg falou: “Nada de especial. Gostei muito dos dois. Pena que eu tenho uma vaga só. Os dois são competentes e têm a mesma experiência. Fiquei muito indeciso em quem contratar. Segui minha intuição de contratar um judeu, já que sou judeu também. Você vê algum problema com isso?”
Comentários:
Goethe já dizia que o conflito mais difícil não é entre o certo e errado. O conflito mais difícil é entre o certo e o certo. Esse dilema nos leva a pensar em algumas questões:
Como agir de forma ética e moral nessas circunstâncias?
O Dr. Rosenberg tem o direito de fazer o que foi feito?
Se os dois candidatos são iguais, escolher um pelo aspecto religioso é ético?
Não seria melhor continuar os testes?
Não seria melhor entender o histórico de vida de cada um e optar por quem teve que lutar mais para chegar até aquele momento?
Se sim, na questão anterior, a mesma regra não se aplicaria aso demais candidatos que foram desclassificados?
Deveria haver cotas étnicas?
O Dr. Rosenberg deveria ter omitido o motivo de sua decisão?
A intuição é um motivo válido e ético nessa situação?
O que você faria no lugar do Dr. Rosenberg?
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