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E a vingança...como fica?


Salomão é o único médico de uma pequena cidade do interior. Formado na capital, ele mudou para o interior para realizar o sonho de contribuir para aquela comunidade na qual nasceu, além de levar uma vida mais tranquila.
Acontece que, por um infortúnio desta vida, a casa em que mora foi assaltada e seu filho mais velho levou um tiro e morreu. A família sofre muito essa perda até hoje, mesmo tendo passado três anos. O assassino do filho foi capturado e condenado à morte na cadeira elétrica. Isso vai ocorrer hoje ao meio-dia.
Às nove horas da manhã toca o telefone na casa do Dr. Salomão, informando que há uma urgência na prisão. Pedro, o assassino do seu filho condenado à cadeira elétrica, teve a apendicite supurada e precisa de uma cirurgia urgente. Como único médico da cidade, Dr. Salomão precisa ir ao hospital onde Pedro foi levado para fazer a cirurgia. Caso contrário, a pena de morte não poderá ser executada como previsto.
Há um contrassenso em tudo isso. Salvar primeiro para matar depois. Mas a lei prevê isso. Uma coisa é uma coisa... outra coisa é outra coisa. Pedro foi condenado a morrer por um crime na cadeira elétrica e não de apendicite supurada. Perante a lei, todo ser humano tem direito a um tratamento médico. Dr. Salomão pode alegar que não tem condições psicológicas para operar Pedro, já que está envolvido emocionalmente no caso. Na verdade, ele estava se preparando para assistir a morte de Pedro na cadeira elétrica. Para ele a justiça está sendo feita após três anos de espera e sofrimento.
Mas, Salomão pode ser o próprio carrasco de Pedro. Ele o terá aos seus cuidados podendo realizar a justiça com as próprias mãos. Ele pode levar Pedro a óbito e alegar qualquer desculpa técnica.
O que fazer? A moral/lei diz que é necessário cuidar de Pedro para depois executá-lo. A ética diz que Salomão não estaria fazendo nenhum bem para humanidade fazendo justiça com as próprias mãos.
Dr. Salomão tem apenas alguns minutos para decidir o que fazer...se demorar mais um pouco Pedro já estará morto.
Se você fosse o Dr. Salomão o que você faria? E se você fosse Pedro, o que gostaria que fizessem com você?

Comentários:

Todos nós temos, em algum momento da vida, nossos desafetos. Por vezes, temos a oportunidade providencial de exercer algum poder maligno sobre esses desafetos mais vorazes, que nos daria algum prazer momentâneo.

Pode ser um chefe medíocre, um par folgado de outra área, um subalterno arrogante e assim vai. Com o poder nas mãos, mesmo que por pouco tempo, podemos agir e demonstrar nossa força e sentir o gostinho doce da vingança, e depois voltar tudo a normalidade, não é mesmo? Afinal, somos (des) humanos!


No caso do Dr. Salomão, ele tem o poder sobre a vida de Pedro em suas mãos e pode se vingar sem ser punido. Com um pequeno erro imperceptível, ele pode agir de forma imoral e antiética ao mesmo tempo que sua ação parecerá de forma moral e ética. Apena a consciência do Dr. Salomão poderá saber realmente o que sucedeu.

Estranho tudo isso?

De forma alguma. Acontece todos os dias nas organizações e na sociedade como um todo. Programa algum de compliance e/ou de governança conseguirá barrar esse tipo de comportamento. Somente o Desenvolvimento da Cultura Ética e Moral Organizacional ao longo do tempo, poderá resolver dilemas como esse.

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