As eleições mais polarizadas dos últimos tempos: “Nós” versus “Eles”.
É incrível que no “Nós”, sejam de direita, esquerda, centro etc., parece que só existem virtudes nessa categoria. No “Nós” são todos éticos, agem de forma moral, são virtuosos contumazes e assim vai. Já no “Eles”, sejam de direita, esquerda, centro etc., são pessoas inferiores, querem o mal do país, são corruptos, não têm virtudes, são párias da sociedade e assim por diante.
As eleições no Brasil sempre focaram nas pessoas e partidos e nunca nos projetos que cada um declama como o melhor caminho a ser seguido. Na verdade, nem o “nós” e nem o “Eles” estão interessados na melhoria do país e da sociedade. Se portam como torcedores fanáticos de futebol que sempre acham o seu time melhor que todos.
Esse fanatismo político em torno de pessoas, é o que nos leva para polarização exacerbada. Ninguém, absolutamente ninguém ganha com isso. Todos perdem. Os políticos, a sociedade e o país.
Como mudar isso?
Acho muito difícil. Primeiro, porque o fanatismo e a inteligência não habitam a mesma casa. E sem a inteligência nada podemos fazer para melhorar esse imbróglio que é a disputa eleitoral no Brasil.
Penso que, se houvesse o mínimo de inteligência, haveria uma saída. Com a inteligência vem o diálogo. Com o diálogo, podemos comparar os projetos de governos e pegar o que há de melhor em todos eles para construir uma proposta robusta e viável.
Nenhum dos candidatos está disposto a isso. Querem personalizar o seu governo mudando nomes dos programas que já existem apenas para ser autoral. Um absurdo de falta de inteligência.
A falta de inteligência também faz parte das características da maioria do eleitorado. Votamos em pessoas e não em projetos. Nos amigos, nas indicações, nas promessas e assim vai. Uma população que elege Tiririca não gosta de política e assume uma postura apenas de reclamante profissional. Até acho que votam errado para ir ao bar beber e ficar reclamando da vida e dos políticos. Já pensou? Se votassem certo, possivelmente não iriam aos bares e a diversão acabaria. Rs.
Embora todos os candidatos sejam obrigados a terem um projeto político publicado em um site e uma forma contato (e-mail, telefone etc.), após votarmos, não cobramos aqueles candidatos sobre suas promessas. Segundo pesquisas, seis meses após as eleições, a maioria dos eleitores já não sabem mais em quem votaram.
Nas eleições de 2022, o resultado será a cara do Brasil. Uma cara triste, empobrecida, sem ética e moral e sem um futuro melhor. Continuaremos com os flagelos sociais por pura birra dos políticos, ignorantes e fanáticos, que não querem dialogar sobre projetos e unificar boas ideias. E o pior, não cobraremos ninguém.
Lembro que, nas eleições de 2018, a minha candidata a deputada federal foi eleita. O candidato a deputado estadual não. Passei os anos de 2019, 2020 e 2021 cobrando-a sobre alguns projetos prometidos e não cumpridos. Mandei 30 e-mails para a deputada federal. Ela nunca respondeu pessoalmente. Sua assessoria sempre respondeu me posicionando, porém não cumpriram todas as promessas de campanha. A desculpa foi que a pandemia atrapalhou.
Olhando esse relacionamento, candidata e eleitor, dá vontade de desistir né? Mas se desistirmos perderemos a única forma que temos de assumir certo protagonismo na política e ajudar a melhorar o país. Imaginem se todos os eleitores, uma vez por mês, escrevessem para os candidatos que votou, cobrando-os?
A mudança só vai acontecer quando deixarmos o “Nós” x “Eles” e o fanatismo, assumindo o papel de sujeito e não objeto. De fim e não meio.
Comentários