"A rotina pode ser a maior inimiga da inovação. O perigo não está na repetição em si, mas na ausência de criatividade que muitas vezes a acompanha."
Gosto dos conteúdos tradicionais. Eles mostram a genialidade das pessoas em suas épocas, por vezes sem recursos da contemporaneidade, mas com a vontade de fazer diferente e surpreendente. Tales de Mileto e a previsão do eclipse solar, Astronomia Babilônica de Kidinnu e Nabu-rimanni, a Medicina de Hipócrates, a Arquitetura Egípcia de Imhotep, a Engenharia Romana de Marco Vitrúvio, a Escrita Cuneiforme de Enheduanna e tantos outros notáveis que romperam a rotina em busca de algo único. É de um desses inovadores o caso que vou contar.
A ousadia:
O Bolero, obra musical criada pelo compositor Maurice Ravel, estreia em 22 de novembro de 1928 em Paris. Uma composição aparentemente simples, centrada em um tema melódico modesto e repetitivo, mas que, sob a batuta do maestro, se transformava numa obra-prima de emoção e intensidade.
A quantidade exata de repetições do tema melódico no "Bolero" pode variar dependendo da interpretação específica do maestro, da velocidade de execução e de outros fatores. No entanto, como uma característica distintiva da composição é a repetição constante do tema, podemos ter uma ideia geral.
O "Bolero" tem uma duração média de 17 minutos. Em uma apresentação típica, a repetição do tema ocorre aproximadamente a cada 16 ou 32 compassos, dependendo da interpretação. Se considerarmos uma média de 20 compassos por repetição, poderíamos ter cerca de 25 repetições em 17 minutos. No entanto, essa é uma estimativa aproximada, e a contagem real pode variar com base nas escolhas interpretativas do maestro e da orquestra.
O número de músicos para executar a obra pode chegar a 100 com um total de 30 a 50 instrumentos que vão sendo acionados a cada evolução da execução.
Como uma obra, que é extremamente repetitiva, modesta e monótona, poderia se tornar, na sua execução, uma obra tão sublime?
A habilidade de Ravel em conduzir músicos, cada qual trazendo sua destreza única, é um paralelo fascinante para a dinâmica de uma empresa imersa na rotina.
Assim como Ravel, um líder empresarial eficaz enfrenta o desafio de extrair excelência de uma repetição aparentemente constante de tarefas diárias. A monotonia da rotina, se mal gerida, pode desafinar a sinfonia organizacional, tornando-a desprovida de vitalidade e inovação. O maestro líder, nesse contexto, desempenha um papel crucial, guiando sua orquestra de talentos para transformar a previsibilidade em uma sinfonia excepcional.
O repertório:
Na música, o maestro não apenas conhece cada instrumento, mas compreende a magia de combiná-los de maneira única para criar uma sinfonia envolvente. Da mesma forma, um líder eficaz entende que a força da equipe reside na diversidade de talentos individuais. Cada colaborador, como um músico na orquestra, traz uma nota única para a composição geral da empresa.
Assim como Ravel conduzia os músicos em uma dança melódica, o líder hábil entende que a rotina pode ser uma dança refinada, onde cada etapa contribui para a grande coreografia do sucesso. Encorajar a criatividade e a inovação dentro da rotina diária é o papel do maestro líder, que compreende que a repetição pode ser uma plataforma para a experimentação e o crescimento.
A maestria de Ravel na condução do "Bolero" reside na construção gradual da intensidade, transformando um tema aparentemente simples em uma experiência emocional poderosa. O líder, ao guiar sua equipe através da rotina diária, deve buscar esse mesmo crescendo, motivando os colaboradores a superarem desafios e a alcançar novos patamares de desempenho.
Concluindo nossa sinfonia sobre liderança e rotina organizacional, é crucial que líderes se vejam como maestros de uma orquestra talentosa. Ao transformar a rotina em uma experiência dinâmica, o líder inspirado cria uma sinfonia que ressoa com inovação, engajamento e sucesso.
A inovação:
Em última análise, assim como Ravel criou uma obra-prima a partir de um tema melódico modesto, os líderes podem transformar a rotina empresarial em algo excepcional. A magia acontece quando a liderança, como a batuta de um maestro habilidoso, transforma a monotonia em oportunidades, construindo uma sinfonia de sucesso que ecoa além do dia a dia, inspirando cada membro da equipe a alcançar novas alturas. Que a sua empresa, como uma orquestra afinada, alcance uma harmonia única, transformando a rotina em uma melodia de prosperidade e realização.
Isso só acontecerá se o líder tiver repertório robusto. Caso contrário não conseguirá executar o que a “sinfonia empresarial” exige.
Assista uma apresentação do Bolero de Maurice Ravel com a Wiener Philharmoniker e o Regente Gustavo Dudamel, que ocorreu em 18/09/2010 no Festival em Lucerne, na Suíça. Link: https://youtu.be/E9PiL5icwic?si=DwTjvXiEV5WPDQGI
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