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Quem nasceu primeiro: a ética ou o compliance?


Pessoas como Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Siddhartha Gautama (Buda), Maomé entre outros, sempre tiveram o desejo e a luta pelo bem comum universal, ou seja, a ética.

Por vezes, eles foram imorais agindo contra as regras existentes pois entendiam que elas eram injustas e estavam desatualizadas. Para eles, era melhor serem imorais e lutar para mudar regras obsoletas, do que serem antiéticos e deixarem de lutar pelo que é justo.


Essas personalidades trouxeram, a sua época, a luta por um mundo mais justo (bem comum) dando forma, definição e significado a ética universal. Não se importavam muito com as regras existentes (moral) uma vez que, essas regras apenas traduzem os limites e deficiências humanas de evoluir com a consciência ética.


O desejo dessas pessoas iluminadas, era que os homens pudessem adquirir uma verdadeira consciência e cultura ética universal (bem comum) de forma profunda, motivadora e constante, a ponto de que fossem maioria na população mundial. Isso acontecendo, todo o resto seria apenas detalhes nas condutas humanas.


Para que o bem comum avançasse de forma consciente e cultural, eram necessárias a reflexão, os estudos aprofundados e a prática diária do bem, onde todos os humanos cuidassem de todos os humanos.


Se você se aprofundar nas leituras dos escritos das personalidades citadas, perceberá que a essência do que disseram e fizeram é o: desenvolvimento da consciência e cultura do bem comum. Tudo que decorreu em nome deles: religião, guerras etc., foi falha, ganância ou má fé humana em entender os preceitos essenciais e querer tirar vantagens sobre incautos que ainda não conseguiram melhorar o repertório.


Durante todo esse tempo, os intermediários que apareceram dessas pessoas iluminadas, passavam a mensagem de que eles, (intermediários) eram os agentes escolhidos para mostrarem o caminho para atingir a consciência do bem comum. Como o ser humano é adepto ao atalho e a autoajuda, seguiram esses intermediários e optaram por viver sob regras e paradigmas que estabelecessem limites para o agir humano. Desta forma, era mais fácil punir quem fosse contra as regras do que punir quem fosse antiético.


A pessoa antiética pode se camuflar de várias formas, pois não sabemos analisar quem é antiético sem conhecer profundamente a ética. Já a pessoa imoral, não pode se esconder, pois a imoralidade surge toda vez que quebramos as regras. Desta forma, punir um imoral e muito mais fácil do que punir um antiético.


Só que, quando a pessoa assume uma postura ética perante a vida, ela é mais colaborativa, mais generosa, mais transparente e faz diferença substancial no mundo.


Agir moralmente é fácil. É só observar as regras e cumpri-las. Ter consciência ética, já é mais difícil. Necessita muito estudo e reflexão sobre o agir humano e suas consequências. Não é para qualquer um. É necessário desejar esse conhecimento e estudar muito.


Isto posto, chegamos na modernidade com um vício tremendo de criar regras. A toda hora aparecem “gurus” criando paradigmas e modelos que todos devem seguir. Esses gurus têm as mesmas características dos intermediários de outrora que diziam a mesma coisa: a regra é o caminho.


Assim, substituímos pari passu a virtude da confiança por regras como: Compliance, Governança, LGPD, ESG, Códigos de Conduta entre outros. Desistimos de investir no desenvolvimento da consciência e cultura do bem comum (ética) para viver sob normas (moral) que se desatualizam rapidamente, criando um vácuo entre realidade e regra. Esse vácuo acaba sendo preenchido por crenças individuais como: valores religiosos, valores familiares e valores cívicos, embaçando a necessidade de praticar a reflexão ética e o agir moral.


Veja o exemplo da guerra da Rússia contra a Ucrânia. O mundo todo está assistindo e analisando as brechas nas regras existentes para tentar ajudar a Ucrânia. Mais de 100 dias de guerra e ninguém assumiu uma postura ética para valer para acabar com o conflito. Ficam discutindo protocolos e não as vidas das pessoas. Pensam em aumentar o armamento na região e não conseguem estabelecer um diálogo ético que ajudaria terminar com o conflito. Apostam que punir no futuro a Rússia por quebrar regras de guerra. O bem comum(ética) está sendo violado todos os dias e os países preocupados se a Rússia ou Ucrânia estão cumprindo as regras de guerra.


Vejam onde o ser humano chegou. Colocamos as regras acima da consciência, por pura preguiça de investir no desenvolvimento da consciência do bem comum e no imediatismo de ganhar no curto prazo com as regras.


Pensa na sua organização. Tenho certeza de que você participa de reuniões para verificar e discutir se as pessoas estão cumprindo as regras com muito mais frequência, do que participa de reuniões para discutir se sua organização, esse mês, agiu de forma ética com todos os stakeholders.


Pense também o quanto de tempo sua organização dedica para construção de regras (Compliance, Governança, LGPD, ESG, Códigos de Conduta entre outros), e quanto tempo ela dedica para o desenvolvimento da cultura ética e moral organizacional.


Pensou? Agora responda: Por que sua organização age dessa forma?
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