Protágoras de Abdera (480 - 411 a.C.) falou: "O Homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são". Para ele, “medida” significava juízo e as coisas são os fatos e as experiências das pessoas. Entendo também que Protágoras demonstra nessa frase que o ser humano tem uma certa limitação em não pensar em outras possibilidades para emitir juízos de valores que não seja o próprio homem. Ou seja, necessariamente somos uma referência.
Os ditados: “Trate o outro como VOCÊ gostaria de ser tratado”; “Não faça ao outro o que VOCÊ não gostaria que fizessem contigo”, são de um egoísmo extremo.
Se já não bastasse utilizarmos apenas o ser humano como referência para juízos de valores, usamos nós mesmos como referência da referência, ou seja, vou “fazer” para o “outro” o que gostaria de fizessem “comigo” e não o que o “outro” gostaria que fizessem com “ele”, sem ter eu como base para a ação. A mesma coisa, vou “tratar” o “outro” como gostaria que “eu” fosse tratado.
Se eu gosto que as pessoas falem para mim: “Vai com Deus”, eu vou falar para as outras pessoas (crentes e ateus) “Vai com Deus” todas as vezes que for possível. Esse desejo, de qual eu gosto muito, quando dito para o crente, faz sentido e ele possivelmente vai agradecer com um “amém”. Agora, quando dito para um ateu, embora eu goste de dizer, vai soar como um desrespeito profundo ao ateu.
Na maioria das vezes isso acontece quando as pessoas, que têm elas como medida de tudo, sabem ou mesmo não sabem a crença e não crença das outras pessoas. Ela simplesmente fala e pronto. Seguem o ditado literalmente, tratando as pessoas como ELA gostaria de ser tratada.
Você pode estar pensando: o que isto tem a ver com ética e moral, proposta desse newsletter?
Pois bem, quando você trata o outro como você gostaria de ser tratado ou faz ao outro o que você gostaria que fizessem contigo, você está sendo antiético, pois todo egoísmo é uma demonstração de falta de ética, já que a ética trata do bem comum com viés universal. Estamos falando de alteridade, ou seja, se colocar no lugar do outro de forma genuína e sem filtro. Você é você e o outro é o outro. Nenhum deve ser parâmetro em relação aos nossos desejos e ações individuais. Devemos respeitar o outro da forma que ele é e quer. Esse respeito é a ética em ação.
É sabido que esta regra (tratar os outros como gostaria de ser tratado) é chamada de “Regra de Ouro” e foi criada pelos cristãos:
Mateus 7:12 - “Portanto, todas as coisas que querem que os homens façam a vocês, façam também a eles". Lucas 6:31 - "Também, assim como querem que os homens façam a vocês, façam do mesmo modo a eles".
Assim, em relação a moralidade, essa regra (moral) só a válida se ela for praticada no grupo de cristãos e para os cristãos. Se não for praticada, os cristãos seriam imorais pois escrevem algo e fazem outro.
É por isso que os juízos de valores devem ser imparciais, equânimes, justos e, portanto, éticos.
Dá próxima vez que for tratar e/ou fazer algo para o outro. Pergunte como ele gostaria que a ação ocorresse. Não utilize seus gostos e crenças como parâmetro para nada. Isso é seu e de mais ninguém.
Xiko Acis | CEO 7S Projetos
+55 11 96466-0184
Assine a Newsletter da 7S Projetos e fique sabendo, em primeira mão, sobre a melhoria de repertório intelectual.
Comentarios